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sábado, setembro 06, 2008

A INTERNET CRIANDO ESPAÇO DIGITAL DE APRENDIZADO NO ENSINO SUPERIOR

RESUMO
O artigo discute como um grupo de professores universitários atua utilizando novas tecnologias aplicadas á educação superior, em destaque o uso da Internet como meio auxiliar de aprendizado. Neste contexto utilizamos os referenciais de Masseto (2000), Law (1995), Almeida (2003), Ramos (1997), Rezende (2004), Borges (2000), Valzacchi (2003), dentre outros, fundamentando o tema deste trabalho. Para isto propomos um questionário para coleta de dados, onde analisamos 48 professores que atuam no ensino superior utilizando os recursos disponíveis que a internet oferece, tais como chat, fórum de debates, e-mails dentre outros, para melhorar a sua prática pedagógica.
Palavras-Chave: Internet, Ensino Superior, Mediação, Docência e Tecnologias.

IntroduçãoA internet tem provocado mudanças na comunicação no mundo atual. Esta cada vez mais ao nosso redor influenciando em nossa vida nos aspectos político, econômico, lazer, investigação etc. Evidentemente não poderia deixar de lado a sua aplicação no campo educacional.
O momento atual requisita do homem o domínio de determinadas que precisam ser adquiridas por meio da educação para que possa engajar-se de forma crítica reflexiva ao meio social. (PEREIRA e PEREIRA, 2006 p.01)
É no sentido educacional a proposta de discussão deste artigo onde analisamos como um grupo de professores universitários busca informações disponíveis na internet e seus recursos para realizar um aprendizado significativo.
É possível utilizar a internet no contexto de novas tecnologias aplicadas ao aprendizado onde o professor universitário assume o seu papel de mediador de aprendizado?
Assim sendo propomos realizar o estudo baseando-se nos referenciais de Almeida (2003 p. 331) quando afirma que os ambientes digitais de aprendizagem são “sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação”.
Masseto (2000, p.134) afirma que no ensino superior há uma concepção de valorizar a transmissão de informações, experiências, técnicas para a formação de novos profissionais, mantendo um método tradicional de ensino, onde se espera que os alunos demonstrem comportamentos esperados. Um paradigma de ensino que não podemos aceitar no momento atual dentro do ensino superior no Brasil.
Assim com a chegada das novas tecnologias aplicadas ao ensino destacamos a importância no momento atual o uso da internet como meio auxiliar de ensino baseando-se em Moreira (2005, p. 04) quando afirma que um professor que se preocupa com a formação de seu alunado aponta para uma nova direção frente ao uso da internet campo educacional. Rompe o paradigma da repetição e reforça o paradigma da construção.
Dessa forma ao verificar se a internet é usada como meio auxiliar de aprendizado pelos professores pretende-se contribuir para que o ensino superior não fique parado no tempo, mantendo o paradigma acima caracterizado por Masseto (2000) e Moreira (2005).
Para isto apresentamos no presente artigo como os professores atuam no ensino superior frente ao uso da internet como meio auxiliar no aprendizado.

DesenvolvimentoO objetivo de uma educação superior pautada na formação de jovens faz sentido nos dizeres de Ramos (1997 p. 02), para este autor:
Formar pessoas preparadas para intervir de forma crítica e criativa na sociedade em construção acelerada, pessoas disponíveis para a mudança, com capacidade de aprender em cada dia com os factos novos que experienciam, com capacidade de se desenvolver, concomitantemente, com a sociedade em que interagem, são objetivos da "educação". (RAMOS 1997, p. 02).

O pressuposto descrito pelo autor acima a respeito dos objetivos da educação abre a discussão do tema apresentado, pois necessita-se de uma definição do que seja os objetivos educação superior para compor e referendar o tema proposto.
Ainda mais concordamos com Freire (2006, p.01) quando ressalta que:
Estamos prestes a receber a geração Net chegando às instituições de Ensino Superior do Brasil (hoje, com mais duas mil instituições, aproximadamente 25% públicas e 75% particulares), os nascidos nos anos noventa do século passado chegando aos anos 20 do século XXI. Educar a geração Internet será um privilégio e um desafio. Hoje, e principalmente no futuro, o professor deverá estar preparado para atender uma geração que tem a sensibilidade audiovisual extremamente desenvolvida. Esta geração não consegue prestar atenção, motivar-se e aprender em uma aula expositiva, mas prefere aprender experimentando, explorando, trabalhando em equipe, pesquisando na Internet. (FREIRE, 2006 p. 01).

Assim sendo o artigo discorre a respeito do uso da internet no na educação superior, onde propusemos a um grupo de docentes um questionário para levantamento de dados. Foram analisados 48 questionários respondidos e devolvidos por docentes que atuam no ensino superior na cidade de Goiânia – Goiás, no período de setembro de 2007 a março de 2008.
Desta forma os dados coletados nos mostram com que freqüência os professores utilizam os recursos disponíveis na internet para auxiliar o trabalho docente e discente.
Pelos dados encontrados na tabela (01) conclui-se que estes professores buscam os recursos que o computador oferece, concordando com a sua utilização sendo um meio auxiliar no aprendizado.



O sentido de aprendizado que se busca com a internet está caracterizado no uso mais amplo da palavra de acordo com Rego (2004 p. 72), “quando Vygostsky fala em aprendizado ele se refere tanto ao processo de ensino quanto ao processo de aprendizagem, pois ele não acha possível tratar destes dois aspectos de forma independente”.
Neste ínterim o uso da internet no meio educacional reforça a concepção da mediação pelo docente contribuindo para a melhoria da qualidade aprendizado e conseqüentemente, sua prática docente.
Pela análise do questionário 28,5% dos entrevistados sempre ou quase sempre 71,5% buscam na instituição em que trabalham buscar informações para pesquisar conteúdos relativos a sua área de conhecimento, mas ressaltam que muita “coisa” disponível deve ser analisada com reservas, atribuindo uma interpretação mais detalhada das informações contidas na internet.
A questão do uso da internet como modificadora da postura docente diante dos alunos, 41,6% concordam que pode auxiliar no aprendizado e 58,4% concordam parcialmente, justificando que o aluno deve buscar outras fontes de informações para realizarem suas pesquisas acadêmicas.
Neste ponto da discussão destaca-se o dizer de um docente; “A internet possibilita uma interação mais cotidiana dos acontecimentos no mundo. Portanto facilita como interação educacional. Não vejo possibilidade de atualmente trabalhar sem sua utilização”.
O exposto pelo docente acima, é possível utilizar a internet no contexto de novas tecnologias aplicadas ao aprendizado, confirma-se que o professor assume o papel de mediador do aprendizado de acordo com Masseto, (2000, p.135):

[...] possibilitando a orientação dos alunos em suas atividades não apenas nos momentos de aula, mas nos períodos “entre aulas” também; tornando possível ainda, o desenvolvimento da criticidade para se situar diante de tudo que se vivencia por meio do computador, da curiosidade para buscar coisas novas, da criatividade para se expressar e refletir, da ética para discutir os valores contemporâneos e os emergentes em nossa sociedade e em nossa profissão. (MASSETO, 2000 p.135).

Outra questão discutida no contexto deste artigo é a reprodução de “coisas prontas” encontradas na internet pelos universitários para realizar trabalhos acadêmicos.
Assim sendo 71,4% dos professores afirmam que a maioria reproduz até copia trabalhos disponíveis em sites e que 28,6% não reproduz e/ou encontra um referencial a mais para nos estudos realizados em determinados trabalhos acadêmicos.
Nesta abordagem a postura docente pode mudar contribuindo para uma intervenção no desenvolvimento cognitivo, nomeadamente no desenvolvimento da inteligência e de competências metacognitivas: aprender a pensar, aprender a aprender, pensar sobre o pensar, conforme Ramos (1997, p.01).
Portanto as intervenções descritas acima possam minimizar a reprodução de “coisas prontas” com a postura mediadora docente, intervindo quando necessário, fazendo com que o aluno busque construir o re-construir conhecimentos para que o aprendizado tenha significado.
Dell’aglio et alli (2002 p. 17-18), destaca que a docência nas instituições de formação superior deve buscar o sentido expresso abaixo:
[...] tendo como finalidade ser produtora de conhecimento e como compromisso atender às demandas sociais, através de ensino e pesquisa necessita conhecer como está se dando a utilização de novos recursos pelos professores e suas percepções quanto a vantagens e desvantagens dessas mudanças, para que assim possa desenvolver capacidades para lidar com os novos desafios. (DELL'AGLIO et alli, 2002 p. 17-18)

Neste sentido o uso das informações contidas na internet mediatizados pelo professor nos trabalhos de seus alunos possa oferecer um aprendizado mais eficiente a partir de um ambiente interacionista na construção coletiva de conhecimentos significativos. Os professores para isto “deve internalizar novas ferramentas no seu trabalho”. (DELL'AGLIO et alli, 2002 p.18).
Para Dell’aglio et alli (2002, p.19) o professor deve atuar incentivando uma aprendizagem coletiva, centrando sua atividade no acompanhamento e na gestão das aprendizagens.
Desta forma 71% dos docentes acreditam que a internet não quebra o monopólio do conhecimento por parte dos professores, concordando que em sua prática as informações disponíveis na internet nem sempre são confiáveis para a construção de conhecimentos pelos alunos.
Cabe aos professores participar, instigar a discussão, acompanhar e analisar a construção do conhecimento através da participação individualizada e de grupo de cada sujeito nos espaços de interação disponibilizados no ambiente. (SCHLEMMER, et alli 2000 p. 06).
Assim ao criar novas formas de atuar no ensino superior o docente busca mudar a sua prática, desafiando o aluno a pensar e ao mesmo tempo compartilhar suas idéias e experiências adquiridas em direção a formulação de conceitos formais. (REZENDE, 2004 p.45).
Encontramos em Law (1995, p.07), um referencial para identificar um ambiente denominado construtivista no que diz respeito ao uso da internet no sentido que este artigo discute, se:
- ocorrer a aprendizagem ativa e contextualizada, pautada na cooperação, colaboração e auto-regulação;
- destinar ao professor responsável andaimes que facilitam a prática de acordo com a ZDP de cada aluno e promovam a construção do conhecimento realizado na colaboração entre os alunos (significado socialmente negociado);
- sugerir atividades que não controlem a aprendizagem, ao contrário que dêem suporte e a nutram, incentivando a construção do conhecimento pelo aluno;
- oferecer condições para que o aluno se engaje em seu processo intencional de aprendizagem, especialmente ao encorajar as estratégias de exploração dos erros uma vez que os “erros são estímulos positivos que criam perturbações, gerando desequilíbrio necessário para a auto-reflexão e reestruturação conceitual” (LAW, 1995, p. 07).

O sentido educacional do uso da internet nos remete a Borges (2000, p.62-63), para este autor:
Internet é uma nova forma de realizar o trabalho pedagógico e, portanto, estará cada vez mais influenciando o processo educacional. [...] e atribuindo novos usos e novas finalidades à Internet, o homem poderá estar redefinindo sua própria identidade, capacitando-se para uma nova ordem global das relações humanas, e assim, estará gerando uma nova transformação da realidade sócio-histórico-cultural. (BORGES 2000, p. 62-63)

Borges (2000, 61-62) entende que a internet pode estar vinculada a interpretação vygotskiana, concordando com este autor quando:
Se entendida como elemento cultural, a Internet que atua possibilitando um processo de intercâmbio social estará produzindo segundo uma interpretação vygotskiana, modificações no processo de comunicação, de percepção, de raciocínio lógico uma vez que, cria novas formas de representação dos signos já existentes no sistema de linguagem humana, e podendo inclusive criar outros. Ao possibilitar a transformação e criação de signos, a Internet estará possivelmente contribuindo para a transformação do próprio pensamento humano. Como elemento cultural, a Internet poderá estar, deste modo, modificando as Funções Psicológicas Superiores humanas ao integrar som, imagem e escrita. Estará criando novas formas de expressão e isto significa que a linguagem inclui-se na dinâmica de constituição do ser humano mediando igualmente a recriação do saber, dos valores, das condutas, das experiências de todas as gerações agora também pelo uso da Internet.(BORGES 2000, p. 61-62)

O autor acima reforça o teor que este artigo discute, ou seja, ao utilizar a internet mediatizando ações na construção de conhecimentos, o professor e o aluno mudam a relação passando ambos a ser ativos em todo o processo de formação acadêmica.
Borges (2000, p. 78) destaca que o uso da internet deve ser feito como um suporte na construção de conhecimentos, assim nos remete para ações mediadas e compartilhadas das informações disponíveis consolidando um ambiente digital de produção ou re-construção de informações contidas na internet.
Ainda mais, salienta o autor, se não for usada pelo exposto acima, apenas estaremos sub-utilizando este recurso inovador, poderoso e nada contribui para formar sujeitos críticos e reflexivos e que não tenham habilidades e competências para se fazer uma leitura ou re-leitura do mundo.
O estudo de Borges (2000, p.63-64) também serviu-nos de um referencial importante para justificar o nosso estudo sobre o uso da internet como meio auxiliar na construção coletiva de conhecimentos no ensino superior:
a) A Internet é um ambiente virtual mediador entre as necessidades de aprendizagem, funcionando como apoio instrumental e facilitador da interação social para que os educandos possam construir pontes de análise, tomada de consciência, compreensão e aumento de sua competência científica;
b) A Internet caracteriza-se pela flexibilidade, possibilitando ao educando estabelecer os caminhos pelos quais irá buscar as informações ou com quem dialogará sobre o tema pesquisado, tendo a chance de encontrar e comparar várias versões que possibilitarão a formação de sua própria opinião;
c) A Internet pode revelar uma nova relação entre educando e educador na medida em que libera o educando do princípio ideológico de que o saber reside unicamente na experiência do educador;
d) A Internet pode converter-se em um elemento cultural, presente na prática pedagógica, conduzindo o processo para uma visão do educador que se adapta ao contexto de aprendizagem do educando e permite a este dar curso ao plano pedagógico e dimensionar a participação do educador em seu processo de aprendizagem. A Internet possibilita o desenvolvimento da autonomia e a auto-regulação do comportamento por parte do próprio educando.
Assim nas instituições de ensino superiores devem estar engajadas no sentido de se fazer uma educação com a chegada de novas tecnologias de informação aplicadas ao aprendizado como discutido no presente artigo, os dizeres de Moreira, (2005 p. 03) nos remete a uma renovação das metodologias de ensino na educação superior. Para este autor as universidades devem fazer uma mudança nas formas de organização dos processos de ensino.
Este cambio no puede consistir únicamente en la mera incorporación de las nuevas tecnologías al servicio de los modelos tradicionales de enseñanza universitaria (el docente como transmisor de contenidos a un grupo numeroso de alumnos en la clase, recepción y fotocopiado de apuntes, memorización del contenido y reprodución en un examen, horarios rígidos, etc.). El reto de futuro está en que las universidades innoven no sólo su tecnología, sino también sus concepciones y prácticas pedagógicas, lo que significa modificar el modelo de enseñanza universitario en su globalidad. Abordar este proceso significará reformular el papel y práctica pedagógica del docente [...] (MOREIRA, 2005 p. 03).
È necessário que as posturas acadêmicas e científicas esteja em ritmo de transformação para dar lugar ao novo paradigma de uma sociedade crítica.. (PEREIRA e PEREIRA, 2006 p.03). Ainda mais sugere os autores:
A realidade impõe uma educação que contribua na formação de um homem crítico e reflexivo; uma formação mais polivalente, flexível e centrada na capacidade de adaptação a situações diversas e na solução de problemas. Cada vez mais busca-se um tipo de formação que permita o desenvolvimento do individuo como um todo, potencializando sua maturidade e seu comprometimento ético e político. Requisita-se uma educação que ensine o aluno a pensar, ao invés de simplesmente lhe ensinar idéias e conhecimentos acumulados pela humanidade.(PEREIRA e PEREIRA, 2006 p.03).
Novas posturas docente e discente em relação ao aprendizado como descrito neste artigo podem colaborar para formar . Aos professores e aos alunos cabe salientar que o uso da internet poderá ser proveitoso nas aulas se entenderem os dizeres de Valzacchi (2003 p.129-177), para ele:
Aprender a aprender e a desenvolver a criatividade são habilidades críticas na sociedade onde o conhecimento se renova com velocidades inesperadas.Através de diálogos entre os pares, entre alunos e professores ou em comunidades de aprendizes.[...]Este repensar da perspectiva educativa incide largamente na relação entre a Internet a aprendizagem, toda vez que se faz uso desse meio, se use predominantemente para fazer a diferença (novo paradigma, atuar sobre objetos de conhecimento e interagir entre grupos de pessoas), tomando como marco o global, mas sem perder de vista o local. Os currículos globais começam a ser cada vez mais uma crescente preocupação dos educadores das organizações.(VALZACCHI, 2003 p.129-177).

Assim sendo, os referenciais encontrados demonstram que a relação discente/docente pode ser alterada no aprendizado acadêmico no que diz respeito ao uso da internet como recurso na elaboração de conhecimentos.

Conclusão
Atuar num ambiente informacional utilizando a internet no aprendizado acadêmico ao nosso ver exige um docente mais centralizado, reflexivo, aberto ao diálogo, mediando ações, buscando participar ativamente na exploração das informações disponíveis no mundo virtual.
O docente com os domínios necessários dos conhecimentos dentro de sua área de atuação colabora para a formação de um profissional que a sociedade atual espera; Um profissional que demonstre e aplique os conhecimentos adquiridos na faculdade e com competências e habilidades para interver num mundo em constantes modificações.
Para isto o docente reunindo num currículo formador acadêmico metodologias novas abra espaços para a construção, re-construção, organização ou re-organização dos saberes que doravante são produzidos no mundo cientifico.
É possível utilizar a internet no contexto de novas tecnologias aplicadas ao aprendizado onde o professor universitário assume o seu papel de mediador de aprendizado.
A internet utilizada no contexto educacional usada com seus recursos como chat, e-mails, fórum de debates, criação de páginas ou sites com fins pedagógicos, tele-conferência, etc, possa contribuir de alguma forma no processo de formação e evitar a reprodução de “coisas prontas” praticadas por parte dos universitários em trabalhos realizados ao longo de sua formação e assim construir hoje uma sociedade diferente na qual fazemos parte.

Referências Bibliográficas
ALMEIDA, M. E. B. de. “Educação à distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem”. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.2, p. 327-340, jul./dez. 2003

BORGES, Ilma. Prática Pedagógica, Processos Interativos Humanos e a Construção
do Conhecimento Usando a Internet: uma análise a partir da Teoria Histórico-
Cultural de Lev S. Vygotsky, Florianópolis, 2000, 158 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

DELL'AGLIO, D. KISSMANN, D.B. CHARCZUK, S.B. “Um Paradigma Emergente na Educação Superior: Percepções de Professores quanto às Novas Tecnologias”. Colabora - Revista Digital da CVA-RICESU, v.1, n. 3, fevereiro 2002. p. 17-28. In: http://www.ricesu.com.br/colabora/n3/artigos/n_3/id02.htm em 20 de out 2007.

FREIRE, Jerônimo. Por onde caminha o Ensino Superior no Brasil? 22ª Conferência Mundial do ICDE (Conselho Internacional de Educação a Distância): Rio de Janeiro, 2006. Disponível em<http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=12942> acesso 23 jun 2007

LAW, L. C. . Constructivist instructional theories and acquisition of expertise (Resarch report nº 48. München: Ludwig-Maximilians – Universität, Leherstuhl für Empirische Padagogik Psychologie. 1995. In: http://infix.emp.paed.unimuenchen.de/[smand]/forschbe/lit48.html em 15 novembro 2007

MASSETO, Marcos T.. “Mediação Pedagógica e o Uso da Tecnologia”. In MORAN, José M, MASETTO, Marcos T. e BEHRENS, Marilda A.(Orgs.) Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas, SP, Papirus. 2000.

MOREIRA, Manuel Area. “Internet na Docência Universitária: WEBs Docentes e Aulas Virtuais – Guia Didática”. Faculdade de Educacion, Universidade de La Laguna, 2005. p 1-35

PEREIRA, Regina C. B.; PEREIRA, Rosilene de O.. A questão da docência no ensino superior. 2006 Disponível em www.defesa.ufjf.br/fts/QUESTAODOCENCIA.pdf acesso 02 fevereiro 2008

RAMOS, Lúcia Maria P. A.. “A Intervenção da Psicologia Actual na Formação de Professores de Hoje (para o sucesso educativo de todos)”. Revista Millenium, nº 8, out 1997. In: http://www.ipv.pt/millenium/va8_psic.htm 11 ago 2007.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. RJ: Vozes, 2004.

SCHLEMMER, E. ; MALLMANN, Marly Therezinha ; DAUDT, S. B. D. “Ambiente Virtual de Aprendizagem: uma experiência no ensino superior”. In: V Congresso Iberoamericano de Informática Educativa RIBIE, 2000. In: http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie2000/papers/181/index.htm em 20 out 2007.

VALZACCHI, Jorge R.. Internet y Educacion: Aprendiendo y Ensensando em los espacios virtuales. 2ª edicion, Versão Digital, 2003. In: http://www.educoas.org/portal/bdigital/es/indice_valzacchi.aspx 04 de junho 2006

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1- Licenciado em Biologia e Ciências pela Universidade Federal de Juiz de Fora – MG - UFJF. Pós-graduado em Métodos e Técnicas de Ensino, pela Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO - Campus Goiânia/Goiás, atua na rede pública municipal de ensino na cidade de Goiânia – Goiás e na rede estadual de ensino na cidade Goiânia – Goiás.


Veja outro trabalho sobre novas tecnologias aplicadas no ensino:

“As contribuições da internet na iniciação cientifica no ensino fundamental”
http://br.monografias.com/trabalhos2/contribuicoes-internet/contribuicoes-internet.shtml



Neivaldo Lúcio Rosa de Oliveira
Biólogo.Licenciado em Biologia e Ciências pela UFJF.Pós-graduado em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universo/Campus Goiânia.Pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade do Noroeste de Minas - FINOM. Professor da Rede Pública Municipal e Estadual na cidade de Goiânia/Goiás/Brasil.
Contato: neilucio@argentina.com
neivaldolucio15@yahoo.com.br
neivaldo.oliveira@gmail.com

sábado, agosto 25, 2007

As Contribuições da Internet no Desenvolvimento de Projetos de Iniciação Científica no Ensino Fundamental

RESUMO

Monografia apresentada pelo Profº Neivaldo Lúcio R. de Oliveira á Universidade Salgado de Oiveira - UNIVERSO/Campus Goiânia/Go - como exigência formal para obtenção de título de Pós-Graduação em "Métodos e Técnicas de Ensino" - Maio/2007.

O trabalho monográfico discute o uso de computadores ligados a internet utilizando a metodologia de projetos de iniciação científica no ensino fundamental. Trata-se de um estudo de caso onde os alunos buscavam informações na internet como referenciais bibliográficos na construção coletiva de conhecimento. O sujeito da pesquisa foi os educandos de uma turma da 8ª série do ensino fundamental numa escola da rede pública estadual que já vivenciam o uso do computador no seu cotidiano. Percebe-se que durante a pesquisa a função mediadora do professor foi fundamental na busca da leitura crítica dos referenciais disponíveis nos sites. Observa-se que houve cumplicidade e o desejo de mudar a forma de ensinar e aprender com o uso dos computadores ligados a internet, criando um ambiente digital dentro da escola. Confirma-se que a escola e professor já não são a principal fonte de informação para os alunos construírem conhecimentos significativos. A internet como instrumento de aprendizagem mostra que os trabalhos dos alunos aparecem quando há interação e compartilhamento de idéias mediadas pelo professor. Percebe-se mudanças nos paradigmas atuais de ensino quando interagem professores e alunos na busca de informações para construção coletiva de novos significados. Hoje, no contexto do uso de novas tecnologias aplicadas ao aprendizado, o professor e os alunos podem desenvolver habilidades e competências para construção de uma sociedade diferente na qual fazemos parte.

Palavras-chaves: Internet e Projetos Educacionais – Iniciação Cientifica e Internet


Veja a monografia completa clicando no link abaixo:
http://br.monografias.com/trabalhos2/contribuicoes-internet/contribuicoes-internet.shtml

Dê sua opinião mandando e_mail para: neivaldolucio15@yahoo.com.br ou neivaldo.oliveira@gmail.com suas observações serão importantes para mim.
Agradeço.

sábado, fevereiro 10, 2007

O Computador Como Agente Transformador da Educação e o Papel do Objeto de Aprendizagem

Introdução


É inegável que o computador está inserido na sociedade em praticamente em todos os lugares e momentos da vida, e não existe um lugar que você vai hoje que não existem pessoas diante da tela, trabalhando, fazendo conecções, enfim interagindo com este fabuloso equipamento e suas opções proporcionadas para a vida do homem neste século.
Resolvi colocar na integra este artigo que encontrei, por ter estudado sobre o impacto das tecnologias na educação, principalmente o uso do computador como meio auxiliar de ensino/aprendizagem e agora em fase final do curso de especialização em métodos e técnicas de ensino.
Portanto é um texto muito bom para quem estar iniciando ou já trabalha na educação e está interessado nesta área de conhecimento. Assim é nossa opinão.
Aguardo contato

Profº Neivaldo Lúcio


O Computador Como Agente Transformador da Educação e o Papel do Objeto de Aprendizagem



Este artigo discute como o computador pode ser usado para potencializar o processo de aprendizagem. E como a utilização de objetos de aprendizagem pode flexibilizar a construção de material didático para a educação a distância. Ao dividir a estrutura de um curso em objetos reutilizáveis, é possível aproveitar um mesmo conteúdo para vários objetivos e situações. Também o processo de desenvolvimento fica mais fácil e econômico de gerenciar.
Os Autores: Clovis Soares e Sá Filho e Elian de Castro Machado são da UFC.
1. As novas tecnologias no contexto escolar.

Ainda é comum ouvir a afirmação de que o computador moderniza e facilita a educação. Será que uma ferramenta, por si só, pode transformar uma atividade? Ou, usando uma caneta de modelo mais novo, pode-se melhorar o conteúdo de um texto? É o velho mito de ver no "novo" a "solução salvadora". Com as mudanças cada vez mais rápidas na nossa sociedade moderna, às vezes é difícil manter as coisas nas suas devidas proporções. Uma ferramenta é um objeto criado pelo homem para intermediar ou amplificar uma ação humana. O que torna a ferramenta apenas uma parte dos recursos a serem empregados ao se pretender atingir um objetivo.
Ao considerar a aplicação na Educação do computador, ou qualquer produto tecnológico, é preciso ter claro, e em destaque, que a aprendizagem, a aquisição de um conhecimento novo, só ocorre com o engajamento pessoal do aprendiz. Nenhuma máquina pode colocar conhecimento em uma pessoa. Ela pode ser usada, para ampliar as condições do aprendiz de descobrir e desenvolver suas próprias potencialidades. Por esse motivo, caracterizar uma ferramenta em si, em vez de, o seu uso adequado, como um recurso didático, é uma impropriedade.
Qualquer componente que se queira inserir na educação exige que se tenha um conhecimento de sua aplicabilidade, para definir o que é apropriado no seu emprego em termos de conteúdo, metodologia e objetivos. Inclusive lembrando que o conteúdo de cada disciplina tem características próprias que exigem soluções específicas. É dentro desse quadro que é possível pensar no uso do computador, como um instrumento tecnológico que, se usado adequadamente, pode potencializar as possibilidades do aprender.
2. O computador, um instrumento que potencializa as possibilidades do aprender.
Nessa era da informação, o computador, ao ser inserido na economia e na sociedade, mais do que todas as outras inovações tecnológicas, provocou uma avalanche de mudanças como nunca se viu na história das civilizações. Em nenhuma outra época houve tantas inovações em tão pouco tempo. Muitas invenções causaram impacto em relação ao passado. Mas a diferença que fez a diferença, foi o uso dos computadores. Em todas as áreas onde aconteceu um salto tecnológico, em evidência ou na retaguarda, estava o seu uso.
Esta máquina tem algo que nenhum outro instrumento tecnológico tem: a possibilidade de ser usada para manipular idéias. Outros instrumentos podem ser usados para registrar e expressar idéias, como a vídeo-câmara (idéias sob forma de imagens), o gravador (idéias sob forma de sons), a antiga máquina de escrever (idéias sob forma de textos). Mas, no computador, pode-se manipular esses registros, essas idéias. Nele, se pode usar idéias (programas, idéias sob forma de instruções) para manipular idéias (arquivos, idéias sob forma de registros).
Em uma biblioteca se tem livros, que podem ser lidos e examinados. Usa-se a mente humana para localizar e comparar conteúdos nos livros. É uma tarefa que pode ser demorada. Em um computador pode-se armazenar todos os livros de uma biblioteca e usar um programa de busca para apontar relações entre os conceitos descritos nos livros. E isso pode ser feito muito rápido. Da mesma forma que um veículo amplifica nossa capacidade de locomoção, e um óculos amplifica nossa capacidade de visão, o computador pode ser usado para amplificar nossas habilidades mentais. Parece impressionante, mas há limitações.
Não é o veículo que locomove-se por si, não é o óculos que enxerga e não é o computador que pensa. Ferramentas auxiliam e potencializam ações humanas. E o computador somente executa, mecânicamente, uma tarefa, dentro dos limites estabelecidos da sua programação (regras exatas e detalhadas, antecipadamente fornecidas), e que, frente a uma situação não previamente programada, trava. Isso o torna a ferramenta ideal para tarefas repetitivas e conhecidas, mas difícil e as vezes impossível o seu uso em tarefas criativas. O computador em si não é capaz de gerar qualquer conhecimento novo.
3. Os avanços da tecnologia e as mudanças nas atividades humanas.
Ainda herança do período industrial, onde as máquinas, eram a causa do aumento de produção, o computador ainda é visto como uma máquina que acelera tarefas. Com esse raciocínio, o computador na educação, deveria acelerar a tarefa de aprender dos alunos, considerando haver uma relação direta entre modernidade da tecnologia com intensidade do raciocínio humano.
As novas tecnologias alteram o ritmo em vários setores da vida cotidiana. Trouxeram ganhos incríveis em termos de rapidez e eficiência na comunicação, organização, armazenamento e recuperação de informações. Diversas atividades humanas são realizadas com mais rapidez e eficácia, distâncias físicas são superadas, a mídia eletrônica possibilita a informação circular em tempo real. Tudo parece avançar em ritmo mais rápido. Mas transmitir uma informação é bem diferente de saber se o outro, o recebedor da informação, a compreendeu. A despeito das tentativas, não se tem conseguido, acelerar mecânicamente, de forma padronizada, o tempo de aprendizagem. Este é um processo de construção que tem uma duração própria a cada indivíduo e que exige seu engajamento.
Essa é uma particularidade essencial da educação: ensinar não é igual a repassar informações, e aprender exige uma adaptação e reconstrução das informações recebidas, comparadas e examinadas com os conhecimentos já consolidados, de uma forma não-linear, não-sequencial e em um ritmo variável de indivíduo para indivíduo. Este é um desafio que a tecnologia não pode resolver de modo mecânico. É preciso trabalhar mais na busca de uma maior compreensão do fenômeno humano da aprendizagem e de como as mudanças que as novas tecnologias trazem às atividades humanas podem ser incorporadas em um modelo educacional.
4. O espaço virtual e a educação

O grande diferencial que as redes de computadores, colocam para a Educação, é o de possibilitar novas opções de espaço e de tempo que antes não existiam na prática pedagógica. E essas opções ainda não estam plenamente exploradas. Há uma inércia em se querer manter nos caminhos já conhecidos. É preciso refletir sobre as novas possibilidades em que a interação mestre-aluno pode ocorrer, em o que e como essas novas opções de espaço-tempo podem trazer.
No que se refere à Educação, a Internet consegue ser o paraíso e o inferno ao mesmo tempo. Conteúdos que podem ser úteis e aplicáveis no processo de aprendizagem, existem aos milhares na web. Mas como encontrá-los? Com ferramentas de busca é possível filtrar assuntos por palavras-chave, mas não por relevância, nível do aluno, formato de mídia, e outros parâmetros. Isso não é deficiência da Internet. Ela é um poderoso meio de comunícação e de distribuição da informação, e não foi projetada, no seu início, com finalidade educacional.
Entretanto, como facilitadora de acesso à informação ela potencializa novas oportunidades para aprender. Recursos difíceis de criar no papel ou de uso não convencional em sala de aula, são facilmente disponibilizados em um ambiente on-line. Por exemplo: um estudante de línguas pode escutar um audio clip, sobre assuntos de seu interesse, para teste de compreensão. Um instrutor encontra on-line um caso de estudo interessante e adequado para seus alunos. Disponibiliza o endereço da página web no grupo de discussão da classe e prepara uma tarefa a ser desenvolvida por seus alunos. Tutoriais, FAQs (perguntas frequentes), slides, simulações, bancos de dados, listas de discussão, o número de recursos novos, disponibilizados pela web, que podem ser utilizados no processo de aprendizagem, têm aumentado e a Internet tem se tornado um instrumento de uso comum.
Mas usar toda essa novidade tecnológica dá trabalho. O desenvolvimento de um curso a distância interativo com vídeo clips, slides, simulações, testes interativos, tem um custo alto e o tempo também pode ser um problema. O avanço cada vez mais rápido da aplicação das descobertas da ciência na sociedade, onde as últimas inovações suplantam e substituem as anteriores, tem como efeito colateral, a diminuição do período de vida útil do conhecimento que tenha relação com tecnologia.
O principal problema do custo e tempo no desenvolvimento de um curso na web é que, no caso de ter uma estrutura monolítica (o curso inteiro em um único bloco), impossibilita uma atualização rápida de segmentos do curso, para se adequar às últimas inovações dos conteúdos tratados ou às peculiaridades dos diversos segmentos de públicos que o curso pode alcançar e que foram ampliados pela Internet.
5. Os objetos de aprendizagem
A abordagem do desenvolvimento de um curso em formato monolítico não é a única possível. Um outro modo é pensar em cursos como conjuntos de blocos menores, projetados cada um individualmente, e que juntos formam uma unidade maior. Essa idéia, tomada emprestada da programação orientada a objetos, se refere ao processo de modularização e reutilização no processo de desenvolvimento de software. Esse modelo de curso, baseado em objetos de aprendizagens, é caracterizado pela alternativa de se poder criar blocos de conteúdo educacional independentes que forneçam uma experiência educacional para algum propósito pedagógico.
Obedecendo a esse modelo, na produção de componentes didáticos digitais, considera-se o objetos de aprendizagem como blocos de conteúdo educacional auto-contidos (com uma certa independência de conteúdo), podento fazer referência a outros blocos, e podendo ser combinados ou sequenciados para formar interações educacionais. Dessa forma o objeto de aprendizagem tem a propriedade de, quando manipulado dentro de um contexto de busca de conhecimento, servir de mediação e facilitação para a formação e consolidação de um saber novo.
Uma definição para objetos de aprendizagem pode ser: recursos digitais, que podem ser usados, reutilizados e combinados com outros objetos para formar um ambiente de aprendizado rico e flexível. Seu uso pode reduzir o tempo de desenvolvimento, diminuir a necessidade de instrutores especialistas e os custos associados com o desenvolvimento baseado em web.
Esses objetos de aprendizagem podem ser usados como recursos simples ou combinados para formar uma unidade de instruçào maior. Podem também ser usados em um determinado contexto e depois reutilizados em contextos similares. Por exemplo, recursos on-line produzidos para estudantes de enfermagem podem, com alguma remontagem, ser ajustados para estudantes de medicina. Um professor ao reunir material para um curso pode encontrar, em material produzido por outro desenvolvedor, componentes que possa usar e que já estão prontos. Ou, um professor de história de arte, para ilustrar uma aula, pode obter na Internet imagens raras, ou que tenham algum significado especial para seus alunos (nesse caso, as imagens ao serem combinadas com textos e mais algum elemento que possa causar uma reflexão no aluno, podem ser consideradas como objetos de aprendizagem) . Em uma situação de auto estudo ou atividades de revisão ou reforço de instrução, um estudante que esteja tendo dificuldades com conceitos de uma disciplina, pode acessar um tutorial para revisão. Com o objeto de aprendizagem como ponto de partida, o tempo gasto em uma produção de qualidade é diminuído. A característica principal dos objetos de aprendizagem, a de reutilização, exige que o curso seja projetado em uma estrutura modular e que os objetos tenham sidos desenvolvidos obedecendo às regras da orientação a objetos. E devem ter, no mínimo, um objetivo educacional explícito.
Outras características que devem ser consideradas no desenvolvimento de recursos de aprendizagem on-line:Instrutores e aprendizes devem encontrar esses recursos facilmente. Objetos podem ser armazenados em banco de dados, que também são conhecidos como repositórios. Essa característica tem um particular benefício em termos de recuperação. Os repositórios asseguram que o usuário pode encontrar conteúdos com padrões em termos de nível, qualidade e formato. Repositórios educacionais podem permitir uma recuperação mais fácil e mais precisa que o uso de utilitários de busca. Objetos de aprendizagem on-line armazenados assim permitem potencializar sua localização. Já que as razões para efetuar a busca de um recurso podem ser as mais diversas.
A localização de conteúdo pode ser executada por rotinas do próprio repositório, preparadas para assegurar consistência e evitar redundância na busca. Repositórios podem também manter registros sobre a utilização de seus objetos. Assim, desenvolvedores podem saber quantas pessoas usaram um particular recurso de aprendizagem. Os usuários podem querer saber os comentários de outros usuários sobre determinado objeto. Exemplos de repositórios podem ser encontrados nos sites: www.merlot.org, www.eoe.org e http://rived.proinfo.mec.gov.br/
Objetos de aprendizagem devem ser projetados para serem úteis sem causar problemas de atualização de hardware ou de software. Devem seguir os padrões já consolidados e amplamente conhecidos e usados para não causar dificuldades ao usuário. Idealmente, são criados para uso independente de plataforma, navegador de Internet ou software, e maximizado para uso em ambiente web.
A abordagem de objetos de aprendizagem para o desenvolvimento de cursos permite alguma medida de durabilidade. Porque o projeto é mais flexível, um curso pode ser atualizado mais facilmente. Se os criadores de objetos de aprendizagem aderirem aos padrões especificados pelo projeto do repositório, então o recurso terá uma melhor chance de ser sustentável apesar das mudanças em tecnologia.
Recursos on-line ou objetos de aprendizagem podem ser criados em qualquer mídia ou formato: applet java; animação flash; video ou áudio clip; foto; apresentação powerpoint; website. Objetos de aprendizagem podem variar muito de tamanho. Em um extremo desse intervalo um objeto pode ser um simples componente digital. Por exemplo, uma simples fotografia sobre um monumento histórico pode ser usada para enriquecer um aprendizado sobre: a cidade do monumento, fatos históricos, a arquitetura da época, método de fotografia. Essa fotografia pode ser incorporada em uma página web ou numa apresentação powerpoint para aulas sobre história da cidade, história da época, história do personagem, arquitetura ou fotografia . Em resumo, o propósito educacional de um objeto elementar é muito mais definido pelo uso do recurso que o desenvolvedor estabelece do que pelo recurso em si.
No outro extremo do intervalo, um web site inteiro, tambem pode ser um objeto de aprendizagem. A foto com texto mencionada pode ser incorporada em um web site dedicado a quaisquer dos tópicos citados. Um objeto incorporado em outro objeto, mas mantendo a sua independência. Por exemplo, a foto pode ser substituída sem alterar a estrutura do site. Há somente dois limites no tamanho de um objeto de aprendizagem: Primeiro, um objeto de aprendizagem deve ter ao menos um propósito educacional claramente definido. Segundo, um objeto de aprendizagem não pode ser tão grande que sua aplicação se restrinja a um único contexto ou propósito educacional (seria uma estrutura monolítica, desconsiderando a possibilidade de reutilizaçào em outro contexto).
Para permitir que desenvolvedores e instrutores encontrem com facilidade os objetos que sirvam a seus propósitos, a descrição, objetivos educacionais e outras características de cada objeto existente no repositório são colocadas em metadados (dados sobre dados), em um processo semelhante a fichas de consulta de uma biblioteca. Quando o objeto de aprendizagem é armazenado para distribuição, um sistema de registro de características, efetua essa catalogação, o que permite criadores e usuários em potencial encontrarem o objeto rápida e facilmente. Através do metadado é possivel obter informações sobre detalhes do objeto de aprendizagem: aplicações previstas; nível do aprendiz; tipo de interatividade; formato de mídia; autor; data; etc.
Uma imagem, como a referida no exemplo do professor de arte, para ser considerada um objeto de aprendizagem, precisa ter adicionada, no mínimo, as características de identificação, localização, autor, data, objetivo educacional e um elemento que estimule a reflexão do estudante.
Uma questão que tem não tem sido dado destaque na grande maioria dos textos que definem objetos de aprendizagem é o significado de aprendizagem e sua diferença do significado de ensino. Com frequência, ensino e aprendizagem tem sidos tratados como sinônimos, quando não o são. Um objeto que se limita a apresentar uma informação, mesmo tendo um objetivo educacional definido e claro, deveria ser classificado como objeto de ensino. Deixando a definição de objeto de aprendizagem para os objetos que comportassem algum tipo de resposta ao estudante, que lhe permitisse refletir sobre a reação do objeto. Como essa é uma classificação subjetiva, que pode depender do contexto e da situação, e ainda há uma herança forte do ensino tradicionalista, essa mesclagem dos conceitos de ensino e de aprendizagem vai continuar. Mas não invalida a vantagem de se trabalhar com a metodologia de orientação a objetos. Apenas haverá perda de eficácia ao se aplicar métodos de ensino como se fossem métodos de aprendizagem.
6. A necessidade de padronização.
Nas últimas três décadas a tecnologia do ensino e da aprendizagem atravessou muitas fases e abordagens, desde o sistema de ensino programado baseado em mainframe, os sistemas de CBT, os sistemas de autoria, e depois da explosão da Internet, os sistemas de gerenciamento de aprendizagem e os portais de aprendizagem. Por todo esse tempo, o desenvolvimento de software voltado para a educação tem sido resultado de idéias e iniciativas individuais, sem muita preocupação em assegurar a sobrevivência do produto à mudança rápida da tecnologia. E, a história da tecnologia tem mostrado que mudanças revolucionárias não decolam se não houver adoção de padrões.Para a eletricidade foi a padronização de voltagem e tomadas; para as ferrovias, a distância entre os trilhos; para a Internet, os protocolos TCP/IP, HTTP e HTML.
Considerando o caso da tomada elétrica. Existe uma especificação técnica que diz que, no Brasil, ela deve ter dois furos redondos e dois achatados, de certas dimensões, e separados por uma determinada distância, deve ser capaz suportar no mínimo tantos volts e tantos graus de temperatura. Cada fabricante é livre para implementar como quiser. Material, cor, acabamento, preço, fica a seu critério, desde que as especificações sejam obedecidas. Isso permite que quando for comprar um eletrodoméstico não precise ter que medir e comparar pinos de tomada, e comprando um equipamento que obedeça a uma especificação estrageira, basta comprar tambem um componente adaptador, e indo para uma localidade que tenha uma voltagem diferente, usar um componente transformador. Se um fornecedor abusa no preço de um produto, basta procurar um outro com especificações equivalentes. Isso funciona porque existe um padrão e ele é aceito e seguido.
Trazer essas vantagens para o campo da Educação será algo promissor. Permitirá que conteúdos sejam transferidos sem problemas entre plataformas e ambientes, que um material educacional seja facilmente pesquisado e localizado, que um ambiente de aprendizado virtual possa usar produtos de diversos desenvolvedores sem conflito, combinando as possibilidades mais convenientes.
Os grandes desenvolvedores na área da tecnologia educacional já estão adequando seus produtos aos padrões que ainda estão em formação, apesar deles continuarem em discussão e desenvolvimento, porque apesar do custo, essa padronização garante uma ampliação do mercado, o que é vantagem para os que chegam primeiro. Esse trabalho sobre a criação e difusão de padrões aplicáveis à tecnologia do ensino e aprendizagem, que tem por objetivo a interoperabilidade entre sistemas de aprendizagem distintos, de modo que componentes gerados por ferramentas diferentes sigam uma forma de reconhecimento universal, vem sendo conduzido por organizações como: ADL/SCORM (http://www.adlnet.org); CEN/ISSS (http://www.cenorm.be/isss/); IEEE - LTSC (http://ltsc.ieee.org/index.html); IMS (http://www.imsglobal.org); PROMETEUS (http://www.prometeus.org); DCMI (http://dublincore.org/documents/dces); e outras.
Vale lembrar que esse esforço para estabelecer padrões é de interesse de todos mas é uma negociação difícil, porque usuários e desenvolvedores têm necessidades muito diferentes. A implementação de padrões representam custos para o desenvolvedor e o deixa exposto a outros desenvolvedores (torna mais fácil comparar vantagens e desvantagens). Para o usuário os padrões representa flexibilidade e poder de escolha. Desenvolvedores querem o mínimo de padrões e só os que os beneficie. Os usuários desejam o máximo possível. Então, dificuldades sempre vão existir, e será o mercado que estabelecerá um meio termo.
7. Conclusão
É importante dar-se conta de que na sociedade moderna, "a pedagogia das certezas está sendo substituída por uma pedagogia do problema", onde o saber pré-fixado cede lugar à busca da informação para a construção contínua do conhecimento. É nesse contexto que o computador deve ser inserido na Educação. Uma ferramenta da sociedade tecnológica que pode ser usada para auxiliar a condução do aluno na busca prazerosa da descoberta. E o novo papel do professor é mostrar ao aluno que ele pode descobrir.O objeto de aprendizagem é um instrumento que trás novas possibilidades no desenvolvimento de material a ser usado na educação a distância. A aplicação dos conceitos de modularização e reutilização, tornam mais fáceis a atualização de conteúdos de materiais didáticos, reduzindo tempo e custo de desenvolvimento, testes, documentação e manutenção.
O uso de repositórios de objetos de aprendizagem, devidamente identificados e catalogados, disponibiliza recursos didáticos, que podem ser compartilhados em qualquer parte do mundo que tenha acesso à Internet, usados em mais de uma situação e para objetivos diversos, e tornam o desenvolvimento de cursos, tutoriais e outras opções de ensino-aprendizagem, mais dinâmicos e mais simples de serem mantidos atualizados.
Mas todas essas vantagens dependem de um adequado uso dos instrumentos em questão. Para se trabalhar com eficiência com objetos de aprendizagem é preciso primeiro compreender com profundidade o significado do conceito de aprendizagem e sua diferença para o conceito de ensino; o conceito de construtivismo e de processos de construção de conhecimento; e também os conceitos essenciais da orientação a objetos: abstração, encapsulamento, compartilhamento, classificação, herança, reusabilidade e modularidade.
8. Referência Bibliográfica
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.IEEE. Draft standard for learning object metadata. IEEE P1484.12/D4, 18 April 2001. www.ltsc.ieee.org/doc/index.html. (acesso em 12/01/2003).
HILLIS, D. O padrão gravado na pedra. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.IMS. Learning design specification. IMS, October 2002. www.imsglobal.org/learningdesign.cfm. (acesso em 12/01/2003).
MEISTER, J. C. Educação corporativa. São Paulo: Makron Books, 1999.
PAIS, L. C. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.PAPERT, S. Logo: computadores e educação. São Paulo: Brasiliense, 1985.
POZO, J. I. Aprendizes e mestres - a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PRETI, O. (org.). Educação a distância: construindo significados. Brasília: Plano, 2000.
NICHOLS, M. Education and learning objects: a primer. Document online: available from www.cta.ac.nz/papers/Learning%20Objects%20CPIT.doc/ (acesso em 20/01/2003).
ROSENBERG, M. J. E-learning. São Paulo: Makron Books, 2002.
RUMBAUGH, J.; et.al. Modelagem e projetos baseados em objetos. Rio de Janeiro: Campus,1994.
SANCHO, J. M. (org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artmed, 1998.
WILEY, D. The instructional use of learning objects. Online version: available from http://reusability.org/read/, 2000. (acesso em 12/01/2003).

Clovis Soares e Sá Filho e Elian de Castro Machado são da UFC.
E-mail dos autores: elian@ufc.br e csoaresf@yahoo.com

Publicado em 17/12/2004 - 02:00


Dipsonivel em http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=5939 em 14/10/2006

domingo, agosto 13, 2006

Analfabetismo e a inviabilidade do Brasil

Optei em colocar na integra este excelente texto porque retrata como está a nossa educação.
Todos educadores deveriam ler e refletir sobre o descaso das autoridades que comandam a educação no Brasil. Faça seu cometário.

Analfabetismo e a inviabilidade do Brasil por Gustavo Ioschpe

Você, que consegue ler esse texto, pode se deixar tomar por uma alegria melancólica.
A razão pela alegria é que o digno leitor faz parte de um seleto clube: no Brasil, apenas 26% da população consegue ler e entender algo maior do que uma notinha ou texto curto e simples. A melancolia deve vir pelo mesmo motivo: saber que mora em um país onde, às portas do século 21, em plena Era do Conhecimento, quase três quartos da população é funcionalmente analfabeta.

Atualmente, países como Estados Unidos, Finlândia e Coréia do Sul ostentam taxas de matrícula no ensino universitário beirando os 90%. Enquanto eles universalizam o ensino superior, nós universalizamos o analfabetismo funcional. Nessa toada, só conseguiremos competir com esses países na produção de commodities agrícolas a baixo custo. Ou viramos uma autarquia. De um jeito ou de outro, o País do Futuro ruma de volta ao passado e despede-se do sonho de fazer parte do mundo desenvolvido.
Nossa debilidade no quesito alfabetização não é causada pelas excentricidades da língua portuguesa nem por deficiências inatas de nossos alunos, mesmo os mais pobres. É unicamente resultado de um sistema educacional inepto.

De 48 países seguidos de perto pela UNESCO e OCDE, temos de longe a taxa mais alta de repetentes na 1ª série do ensino fundamental: 32% - contra praticamente zero dos países da OCDE, 1% de Rússia e China e 4% na Índia. Ou seja, enquanto nos outros países a primeira série é quase que um rito de passagem, no Brasil ela é um matadouro: de cara, já condena um terço da população ao atraso e seus efeitos deletérios sobre a auto-estima das crianças.
Por que ostentamos esse fracasso redundante? Antes de mais nada, é preciso desconstruir alguns mitos costumeiramente usados para explicar nossa falência.
Em primeiro lugar, a culpa pelo fracasso escolar não é dos alunos. Parece óbvio, mas não é: entrevistados, 77% dos professores declararam ser o desinteresse do aluno a razão de sua repetência. Apenas 5% identificam a má qualidade do ensino como causa do fracasso. Não se sabe se por estafa ou cinismo, mas a maioria de nossos mestres parece não notar que o desinteresse do aluno é conseqüência, e não causa, de nosso atraso educacional.
A pobreza dos alunos e suas famílias tampouco pode ser usada para desculpar nossa carência educacional. A Coréia, por exemplo, era mais pobre do que o Brasil na década de 60, e assim mesmo iniciou um salto qualitativo em seu ensino que muito contribuiu para alçar o país à posição de liderança no cenário internacional.
A falta de vagas nas escolas também não pode mais ser apontada como fator importante. Já temos taxas de atendimento próximas de 100% na 1ª série do ensino fundamental.

O problema não é mais atrair alunos, mas fazer com que permaneçam na escola. Para isso, a chave é uma educação de qualidade.
Nossa baixa qualidade não é igualmente causada pela suposta baixa remuneração de nossos professores nem pelo nível de investimento do Brasil em sua educação. O professor do ensino primário brasileiro ganha 1,6 vezes o PIB per capita do país. Nos países da OCDE, esse valor é de 1,3 vezes. Na Argentina, Chile e Uruguai, países com sistemas educacionais muito melhores que o nosso, esse valor é de 0,85, 1,25 e 0,75 vezes, respectivamente - todos inferiores ao salário do professor brasileiro. O professor brasileiro não é mal pago por ser professor, mas por ser brasileiro. Vivemos em um país pobre. Querer comparar nossos salários, em valores absolutos, com aqueles de países ricos é capcioso. O governo brasileiro tampouco gasta insuficientemente em educação. Gastamos 4% do PIB, contra 4,9% dos países da OCDE. Apesar de gastarmos um pouco menos, deixamos uma fatia bem maior de alunos fora das escolas, e os que estão dentro recebem uma educação pior.

Gastamos o mesmo que Argentina e Chile, e mais do que o Japão.
Se essas tão surradas causas não passam de miragem, a que podemos atribuir nossa performance tão pífia? A resposta é simples: o professor não sabe ensinar. Sob essa superfície aparentemente translúcida, correntes turvas se agitam.
A constatação de que o professor não sabe ensinar é praticamente inescapável dados os resultados de nossos alunos, qualquer que seja a medida: taxas de repetência e evasão, performance em testes nacionais ou internacionais. Felizmente, temos ainda evidência mais direta. Quando professores e alunos de 4ª série foram testados, notou-se que o nível de conhecimento dos mestres era semelhante ao de seus aprendizes e que poucos dominavam o conteúdo que ensinavam. A formação dos professores alfabetizadores é débil e improvisada: mais de 80% afirmaram ter aprendido "na prática" ou "com a experiência". Apesar de 85% dos professores se declararem prontos para alfabetizar, sua performance em provas desmente essa impressão: em teste de 9 conceitos de alfabetização, só 3 tiveram índice de acerto superior a 60% dentre os membros da rede pública. Um grande número de professores acredita que o aluno pode ser alfabetizado até a 4ª série ou que a idade em que se dá a alfabetização não importa (!).

Levemos então a pergunta um passo adiante: por que tamanho despreparo entre nossos alfabetizadores?
Uma razão é que os melhores professores não querem ensinar na primeira série, preferindo as idades mais avançadas, idéia que é relatada em conversas com docentes ou publicações sobre o fracasso escolar. Dá-se uma inversão de prioridade: colocamos os melhores professores em campo quando o jogo já está praticamente perdido.
Desperdiçamos o talento desses professores com alunos cuja capacidade de aprendizado foi severamente comprometida por uma fundação claudicante. Com uma alfabetização incompetente, o aluno dificilmente conseguirá aprender o necessário - e exprimir seu conhecimento em provas - para progredir aos níveis mais avançados do ensino.

Outra razão perversa é que o viés ideológico que faz a cabeça de nossos professores - e de seus professores e autores prediletos - prega que "preparar" o aluno com "competências" para que tenha sucesso em sua vida é como que compactuar com o demo. O discurso do professorado vê o ensino como ferramenta de conscientização do aluno para sua mobilização social e conseqüente engajamento na luta para mudar o mundo, derrotando a besta-fera do capitalismo e sua mutação ainda mais abominável, o neoliberalismo.

Os professores se vêem não como instrutores ou condutores de um processo acadêmico ou da busca pelo saber. Não, companheiro! Os professores são baluartes da revolução vindoura, os últimos elementos de resistência tratando de preservar a bondade intrínseca do homem ante a bestialidade da sociedade industrial.
Não se trata aqui de especulação ou impressões casuais, mas de resultado inclusive de censos. Em pesquisa da UNESCO, por exemplo, 75% dos professores declararam ver a igualdade como valor superior à liberdade. 55% discordam da idéia de que a atividade docente deve ser politicamente neutra. Para 72% dos professores, "formar cidadãos conscientes" é uma das finalidades mais importantes da educação. Nessa lista, "proporcionar conhecimentos básicos [ao aluno]" recebeu o apoio de apenas 8,9% dos entrevistados, enquanto "formar para o trabalho" só foi apontada por 8,3%.

Essa coloração ideológica tem três vantagens importantes para seus fiéis. Em primeiro lugar, é totalmente subjetiva. Quem há de dizer se alguém está efetivamente criando um cidadão crítico e consciente? É impossível, não há teste para isso. Segundo, ela permite descartar peremptoriamente qualquer acusação de incompetência ou proposta de mudança: quem quer resultados tangíveis e mensuráveis está certamente a serviço de Washington, e boa gente não é. Raramente há argumentação factual nessa área: aos números se contrapõem tertúlias.
Quando estas se esgotam, parte-se para o ataque ad hominem. Terceiro, impede qualquer mudança pontual. A educação é um processo "holístico", e analisar seus diversos componentes é um "reducionismo" imperdoável. Não é possível mudar uma parte quando o sistema todo está podre, é o que eles parecem dizer. Não é possível comparar a educação brasileira com aquela dos países desenvolvidos, pois eles estão no centro do capitalismo e nós somos periféricos.
Comparar com outros países periféricos também é uma má idéia, já que qualquer aluno de 5ª série propriamente doutrinado sabe que nossa herança escravocrata e patrimonialista nos torna singulares no concerto das nações. Para mudar a educação, seria necessário mudar o país. E como é impossível mudar o país sem mudar nossa educação, temos aí a receita para o imobilismo eterno.

Miseravelmente, essa situação encontra-se em estado de equilíbrio. Apesar de nossa falência educacional, a cisão de classes do país faz com que os pais das crianças ricas coloquem seus filhos nas escolas privadas e se despreocupem da educação do país, e que os pais pobres estejam satisfeitos que seus filhos tenham a oportunidade que eles não tiveram: a de freqüentar a escola. Esses pais estão geralmente satisfeitos com a qualidade da educação dos filhos - por não terem ferramentas para realmente avaliar essa qualidade - e costumam culpar os filhos, e não seus professores, por sua incapacidade de aprender. Intocada, a situação pode perdurar indefinidamente. Como mudá-la?
Em primeiro lugar, conscientizando a população brasileira da importância da educação para a viabilidade do país neste novo século e, especialmente, expondo o tamanho de nossa fragilidade e insucesso nessa área.
Essas não são tarefas para governantes - em última análise, responsáveis pelo atual estado de coisas - mas para a sociedade civil. Estou convencido de que o poder público só atuará para a resolução de nossa crise educacional quando for instado a tanto por seus eleitores. Esgotou-se o período em que as batalhas da educação eram consensuais e benéficas a todos. Quem poderia se opor à construção de mais escolas, mais vagas, oferecimento de merendas e livros didáticos? Ninguém. Hoje, a batalha da educação envolve entrar em batalhas políticas indigestas, bater de frente com o poderoso establishment educacional. Por isso, me arrisco a dizer que qualquer tentativa de reforma fracassará se não for respaldada por um clamor popular pela educação.

A mudança segue o seguinte roteiro. Primeiro, conscientização social gerando pressão popular. Segundo, criação de mecanismos de avaliação da performance da alfabetização no país. Terceiro, divulgação pública de seus resultados e estabelecimento de "benchmarks" de sistemas alfabetizadores. Quarto, instituição de um sistema de incentivos que premie os agentes educacionais competentes e puna os ineptos. Quinto, um amplo pacote de mudanças que aproxime os ineptos da performance das escolas-benchmark. Sexto e último, atenção especial para as escolas com os piores índices de desempenho. Especificamente, isso significa o seguinte:

Criação e replicação de várias campanhas como esta que se inicia, mobilizando formadores de opinião pela reforma na educação, fazendo com que elas se estendam até a ponta: a população carente, cujos filhos estão nas escolas públicas das áreas periféricas. Sem o apoio deles, nada será feito.
Alteração dos sistemas de testes nacionais de educação para a inclusão da primeira série. Hoje, temos o SAEB, feito por amostragem, na 4ª, 8ª e 11ª séries. Temos o ENEM, de participação espontânea, que mede os conhecimentos dos concluintes do ensino médio. E foi criado o ProvaBrasil, de abrangência universal, para 4ª e 8ª séries. Ou seja, temos dois testes para 4ª e 8ª e dois para o fim do ensino médio, mas nenhum para o momento mais crítico e basilar da educação brasileira, que é a 1ª série. O SAEB ou, de preferência, o ProvaBrasil poderia abandonar uma de suas séries e passar a cobrir a 1ª série, medindo unicamente, assim, a alfabetização.
Os resultados desse teste deveriam ser publicados nacionalmente, em cada escola de cada município. Essa divulgação não apenas serviria como um poderoso instrumento de pressão para toda a população - finalmente, o pai poderia saber se a escola do filho é melhor ou pior que a escola da vizinhança ou da cidade ao lado e, assim, cobrar providências de seus professores, diretores e prefeitos - como também facilmente identificar as escolas de sucesso. Há muitos professores e escolas excelentes, mesmo em locais de pobreza aguda, e sua identificação (e replicação) seria um bálsamo para localidades que não conseguem desenvolver um método de sucesso.

Criação do que eu chamo de Lei da Responsabilidade Educacional. Atualmente, os municípios recebem recursos para a educação quando não atingem um patamar mínimo de investimento por aluno. Não só criamos um mecanismo de incentivo perverso, que premia os que menos investem, como abre-se assim a porta a todo tipo de irregularidades e desvios. Precisamos de um sistema que premie resultados, não meios. Assim, a LRE determinaria que as prefeituras receberiam recursos para a educação de acordo com sua melhoria, ano a ano, em dois quesitos: taxa de repetência e performance nos testes nacionais (SAEB ou ProvaBrasil). Quem mais melhora de um ano para o outro, mais dinheiro recebe. Os índices de melhoria e recebimento deveriam também ser tornados públicos, nacionalmente. Junto com a pressão popular, o incentivo financeiro é a peça que falta para que os governantes se comprometam com uma educação de resultados.

Criada essa mudança institucional e de mentalidade, que medidas objetivas deveriam ser tomadas para que melhorasse o rendimento em sala de aula? Haverá grande variabilidade, dada a heterogeneidade do sistema brasileiro, mas algumas diretivas são generalizáveis. São elas:
Profunda alteração no currículo e estrutura dos cursos destinados a formação de professores. Hoje, nossas universidades de pedagogia são povoadas por filósofos do ensino. Craques nas últimas teorias pedagógicas em voga na Espanha ou Inglaterra, capazes de analisar as diferenças da semiótica de Piaget e Vigotsky. Deixemos essa agenda para os programas de PhD. Na graduação, precisamos ensinar a ensinar. Precisamos que o futuro professor saiba menos teoria e mais prática, menos discussão e mais ação. As pesquisas empíricas internacionais apontam que o conhecimento do professor da matéria que ensina é fundamental para o sucesso do aluno, assim como o são algumas práticas de aula: passar e corrigir dever de casa, avaliar os alunos constantemente, usar o tempo de aula para exposição e explicação, não cópia do quadro negro ou exercícios. O professor precisa saber mais sobre o que funciona e aprender a implementar as receitas de sucesso.

Como decorrência dessa orientação curricular, vamos rever o método de alfabetização usado no país. 70% dos professores que dizem seguir algum método alfabetizador optam pelo modelo construtivista , quando o método fônico vem se mostrando empiricamente superior em todos os países estudados. Precisamos de treinamento no método fônico para os professores já em campo. Treinar professores em alfabetização não é uma tarefa de outro mundo. Os programas de aceleração do ensino, por exemplo, demonstraram ser possível ter melhoras significativas em um curto espaço de tempo e com custos suportáveis.
Reestruturação do plano de carreira do magistério e sua estrutura de incentivos, passando a estimular de forma pecuniária e não-pecuniária a ida dos melhores professores para as séries iniciais das escolas com maiores dificuldades.
Quando a escola estiver fazendo a sua parte, ela poderá passar a envolver mais a comunidade. Não se podem culpar os pais pelos fracassos educacionais dos filhos, mas sabe-se que há muito que os pais podem fazer para ajudar o aprendizado de suas crianças. Reverter o quadro atual em que nossas crianças passam mais tempo assistindo televisão do que fazendo deveres de casa, por exemplo. Aqueles que lêem, que incentivem os filhos a ler. Pesquisas mostram que as mães, mais do que as professoras, são as principais responsáveis pela criação do hábito da leitura nas crianças.

Finalmente, precisamos calibrar este sistema mais meritocrático e orientado a resultados com uma atenção especial às escolas ou localidades que não dão certo. O Chile tem um programa que pode nos servir de exemplo. Nele, as 900 escolas com o pior desempenho no teste de avaliação nacional recebem atenção redobrada do Ministério da Educação do país, sendo supervisionadas quinzenalmente. Os colégios atendidos têm melhorado mais do que a média nacional. Este é - e deve ser - um programa divulgado ao público. Ajudará os administradores sérios que sofrem com grandes dificuldades e carências, e constrangerá os que fazem mau uso dos recursos públicos.
Desnecessário dizer que a implementação de uma mudança radical no sistema educacional brasileiro, especialmente em suas primeiras séries, é emergencial. Já estamos em apuros pelos próximos 20 ou 30 anos por causa da geração que está em nossas escolas agora ou que acaba de sair delas. Se esses apuros perdurarem por 50 ou 100 anos, é difícil prever que Brasil restará para ser resgatado, mas os contornos gerais são claros: será um país pobre, atrasado, desesperançado e com seu tecido social em frangalhos por décadas de exclusão.

Quando a escola ensina, é o trampolim para as estrelas. Quando se torna apenas um alojamento para tirar crianças das ruas ou de suas casas, transforma-se na mais poderosa ferramenta de transmissão intergeracional de desigualdades, uma máquina de moer sonhos.
Resgatar nosso sistema educacional é tarefa importante demais para ser deixada apenas nas mãos de políticos e educadores. É dever de Estado, é elemento fundamental da Nação, é parte inimputável da cidadania. É a tarefa mais urgente e importante que nos espera neste século que se inicia. Não é condição suficiente para que cumpramos nosso destino histórico, mas é indispensável. É a nossa obrigação para com nossos compatriotas, os que já se vão e os que ainda não vieram. Não podemos falhar.


REFERENCIAS

1 Fonte: INAF, 2005. 5º Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. http://www.ipm.org.br/an_ind_inaf_5.php 2 Fonte: World Development Indicators3 Fonte: UNESCO, http://stats.uis.unesco.org/TableViewer/tableView.aspx?ReportId=169 . Dados referentes a 2002.4 Fonte: A escola vista por dentro, de João Batista Araújo e Oliveira e Simon Schwartzman. Alfa Educativa Editora, 2002.5 Fonte: OECD, Education at a Glance 2005. Tabela D3.1. Dados referentes a 2003.6 Fonte: ibid, Tabela B2.1a. Dados referentes a 2002.7 Fonte: Oliveira e Schwartzman, 2002.8 Cf., por exemplo, A Produção do Fracasso Escolar, de Maria Helena Patto. Casa do Psicólogo, 2000.9 Fonte: O Perfil dos Professores Brasileiros: O Que Fazem, O Que Pensam, O Que Almejam...UNESCO, 2004.10 Fonte: Oliveira e Schwartzman, 2002.11 ibid12 Fonte: INAF, 200513 Cf. http://www.mineduc.cl/index2.php?id_portal=17&id_seccion=838&id_contenido=703

O Autor: Gustavo Ioschpe
Formado magna cum laude na University of Pennsylvania – Strategic Management (B.S., Wharton School), Ciência Política (B.A., College of Arts and Sciences)
Mestre em Desenvolvimento Econômico e Economia Internacional – Yale University

domingo, julho 02, 2006

Amazonia Ameaçada: Plano de Ocupação por Estrangeiros

Introdução

Em outubro de 2004 o comandante e general-de-brigada Marco Aurélio Costa Vieira recebeu o jornalista Javier Godinho para uma discussão:
A Internacionalização da Amazônia.
O General Marco Aurélio demonstrou através de
documentos, imagens, e informações do exército brasileiro que confirmam plenamente que o Brasil corre o risco de perder 56% de seu território, e justamente a maior riqueza intacta mineral, petrolífera, fauna e flora e principalmente água potável que será o grande problema mundial daqui alguns anos.
Da água potável ainda existente no planeta, 11% corre nos 23 mil quilômetros de
rios navegáveis da maior bacia hidrográfica do mundo, responsável por dois terços do potencial hidrelelétrico do Brasil.
Como seria o Brasil sem a Amazônia ? Veja os números...
O general Marco Aurélio demonstrou um mapa mostrando como seria o Brasil sem a Amazônia. Já pensarem nisso algum dia?
Então veja: de um lado 5,1 milhões de quilômetros quadrados perdidos, o mais promissor do presente e o mais rico do futuro desse país, atualmente semi-abandonados pelos governos e pela população, com apenas 4 habitantes por quilômetro quadrado, 12% da representação
política e US$ 2.059,00 de renda per capita. Do outro, horrível no formato, os 3,4 milhões de quilômetros quadrados que nos sobrariam, com 40 habitantes por quilômetro quadrado, 88% da representação política e US$ 4.955,00 de renda per capita.
Dentro da Amazônia brasileira cabem nada mais nada menos de 17 paises europeus dentre eles - Bélgica, Alemanha, Eslováquia, Áustria, Albânia, Portugal, Itália, Bósnia,
Inglaterra, França, Espanha, República Tcheca Holanda e a Suíça.
Com certeza,
grupos suspeitos, cada vez maiores, de várias dessas nações já se estabelecera, se movimentando e realizando ações escusas no território amazônico.
"Eles Levam Nossas Riquezas"

O general Marco Aurélio, que viveu 5 anos no Comando Militar da Amazônia, não acredita ainda que exista mesmo um movimento organizado para tomar a Amazônia. Mas destaca que há grandes interesses de potências econômicas, pois já atuam individualmente. Há grande número de estrangeiros dentro de nossa Amazônia. São mais de 600, entre ONGs, instituições religiosas, cientificas e culturais.
Este levantamento foi feito pelo exercito brasileiro. Tais instituições atuam entre a população branca pobre e os índios. E o mais grave: estão levando nossa riqueza de todo o tipo.
È inacreditável que estão nos cercando 20 bases militares dos
Estados Unidos, a título de combater o narcotráfico e a guerrilha.
Depois desta reportagem você acredita que estão combatendo mesmo o
narcotráfico ou estão de olho nesta região?
Na operação Timbó, realizada pelas forças armadas, foi detectado um contrabando de mogno realizado por representantes de
empresas estrangeiras, que para tanto, usam caboclos e índios brasileiros para marcar as melhores árvores, e a seguir arrancadas por tratores as arrastavam para o território peruano.
Um dado importante mostra sem dúvida a presença marcante de estrangeiros no nosso território: O governo da Guiana Francesa paga um salário por criança nascido no Brasil, que ali seja registrada, para retornar ao nosso país, mas com cidadania daquele departamento ultramarino da França.
O general destaca o trabalho dos pelotões de fronteira, praticamente única presença brasileira na área.
Essas unidades militares são procuradas para por índios e caboclos em busca de assistência de todo tipo, inclusive médica.
O Brasil Inteiro Contra o Mundo
O general Marco Aurélio busca com muita apreensão despertar a consciência nacional para a necessidade de ocupação racional, de fato, pelos brasileiros, da Amazônia, onde a cobiça estrangeira cada vez mais estende seus tentáculos.
Do seus
documentos, imagens e de sua experiência como Comandante Militar da Amazônia por 5 anos, contam opiniões manifestadas por vários "donos do mundo" que passaram pelas nações mais ricas da Terra sobre a posse da Amazônia pelo Brasil.
Vejamos tais declarações dos "donos do mundo":
Margareth Thatcher, primeira ministra do Reino Unido (
Inglaterra) em 1983:
"Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dividas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas."
John Major, Primeiro ministro sucessor de Thatcher,
líder do Partido Conservador inglês, em 1992:
" As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecológicas sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandista para dar inicio a uma fase operativa, que pode definitivamente engajar intervenções militares sobre a região."
François Mitterrand, primeiro socialista presidente da França em 1989:
"O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia".
Mikhail Gobachev, estadista que liderou o fim do regime comunista e a volta do mundo socialista à economia de
mercado:
"O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes."
Patrice Hugles, chefe do órgão central de informações das Forças Armadas Americanas:
"Caso o Brasil resolva fazer um uso da Amazônia que ponha risco o meio
ambiente nos
Estados Unidos, temos de estar prontos para interromper esse processo imediatamente".
Al Gore, vice presidente Americano:
"A Amazônia não é dos brasileiros".
A CIA – Agência de Investigação Criminal Americana – Está na Região desde 1996
A opinião dos
Estados Unidos pode ser encontrada nesta fala de Henry Kissinger, diplomata que foi assessor da Casa Branca e secretário de Estado, prêmio Nobel da Paz em 1973:
"Os países industrializados não
poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus direitos".
Em 1996, Madaleine Albright, secretária de
Estado dos Estados Unidos, revelou:
"Atualmente, avançamos em uma ampla gama de
políticas, negociações, e tratados, em colaboração com programas da ONU, diplomacia bilateral e regional, distribuição de ajuda humanitária aos países necessitados e crescente participação da CIA em atividades de inteligência ambiental"
Ao bom entendedor já está claro que a CIA está na Amazônia, onde as ONGs e tantas outras instituições com rótulos de cientificas e culturais e defensoras do meio
ambiente atuam de mil e uma maneiras.
A História Não Deixa Mentir

No começo do século 20 a então poderosa Alemanha comunicou ao Barão de Rio Branco:
"Seria conveniente que o Brasil não privasse o mundo das riquezas naturais da Amazônia"
A competência desse diplomata brasileiro extraordinário e patriota maior ainda abortou as tentativas de invasões estrangeiras, disfarçadas sob o argumento de que o Brasil não teria condições de explora-la e a humanidade não poderia se privar dde desfrutar da Amazônia.
O Brasil já repeliu a tentativa do Hudson Institute de junta as águas dos maiores rios do mundo para formar o Grande Lago Amazônico.
O Racista notório americano general James Watson Webb, ministro de Washington, elaborou um plano para que a Amazônia fosse destinada aos negros norte-americanos, evitando que se repetissem as condições sócio-econômicas que levaram o pais à
Guerra de Secessão.
A companhia Amazon River Corporation tinha a finalidade de colonizar a Amazônia.
No principio do século 20, o Presidente Epitácio Pessoa ouviu, estarrecido, em Genebra a proposição do presidente americano Wilson um plano de Internacionlização da Amazônia.
No Japão vicejou a tese de que filhos de soldados americanos com japonesas durante a 2ª
guerra mundial deveriam ser mandados para a Amazônia.
O presidente Eurico Gaspar Dutra rechaçou as propostas norte americanas de enviar para a Amazônia excedentes populacionais de Porto Rico e 200 mil refugiados árabe da palestina.
O general Juarez Távora denunciou as escandalosas concessões pretendidas pela Amazon Corporation of Delaware e a The CnadianAmazon Corporation Co. de extrair as riquezas nacionais amazônicas.
Em 1993 o ex presidente José Sarney denunciava a concentração de tropas norte americanas na Guiana, no Suriname e na
Venezuela. Hoje, é público e notória a presença de militares dos EUA no Equador, Peru, Paraguai e na Colômbia, a título de combater o narcotráfico e a guerrilha.
É um cinturão de 20 bases que se encomprida e se alarga, fechando o cerco.
E quem pensa que essa ambição internacional é típica dos governo, da qual estão isentas as instituições que afirmam agir na Terra em nome dos Céus, oferecemos mais um quadro, o Conselho Mundial de Igrejas Cristãs, que em 1981, manifestou o seguinte em Genebra:
"A Amazônia é u patrimônio da humanidade. A posse dessa área pelo Brasil,
Venezuela, Equador e Colômbia, é meramente circunstancial".
Pior do isso só o cartão muitas vezes encontrado até em forma de guardanapo de
papel em restaurantes em Londres, cuja tradução do inglês é esta:
"Lute pela floresta. Torre um brasileiro."
Conclusão
Diante do quadro que acabamos de colocar a disposição de qualquer um cidadão brasileiro para refletir sobre a verdade que ocorre na questão da ocupação da Amazônia, ficamos estarrecidos com a reportagem que saiu no DM.
Como educador e biólogo não posso de a partir de agora levar aos meus alunos esta questão para refletirem sobre a soberania nacional.
Também gostaria de deixar bem claro que este tipo de matéria deveria estar em destaque em todos meios de comunicação para o livre pensar de cada cidadão sobre a nossa riqueza que está na Amazônia.
Assim sendo, espero que um dia não só os educadores que tiverem acesso a este documento, mas que os verdadeiros políticos que honram este País, possam ter mais vontade política de acabar com essa idéia de ocupação, desenfreada da Amazônia e que esses inescrupulosos "donos do mundo" possam estar mais preocupados em fazer uma política mais humana, sustentável e também estar preocupados com a melhoria da qualidade de vida de cada habitante deste planeta..

Amazônia Ameaçada. Plano de Ocupação dos EstrangeirosEste documento faz parte de uma
entrevista retirada do Jornal Diário da Manhã - Goiânia -Go– Caderno Especial – Publicado quarta-feira, dia 03 de novembro de 2004. Edição e texto de Javier Godinho


Neivaldo Lúcio Rosa de Oliveira
é educador e biólogo. Atua nas escolas públicas da rede oficial de ensino municipal e estadual em Goiânia/Goiás.
Contato: gostaria de saber uma opinião a respeito deste assunto.
neivaldolucio15@yahoo.com.br ou neilucio@argentina.com

sábado, junho 03, 2006

OS PROFESSORES E AS TECNOLOGIAS NA ESCOLA:LIMITES E PERSPECTIVAS DA INOVAÇÃO


Isabel Maria Sabino de Farias ( Universidade Estadual do Ceará (UECE) – E-mail: beia@fortalnet.com.br)

RESUMO:

Este trabalho aborda uma dimensão importante das políticas educacionais na escola: a introdução de artefatos tecnológicos,mais especificamente de computadores, e sua utilização no âmbito da prática pedagógica docente. Discute a idéia de inovação e sua articulação com a mudança educacional na perspectiva de melhora
do ensino como elemento conceitual significativo à compreensão dos limites e perspectivas dessa tecnologia na escola.
Destaca o trabalho intelectual e emocional que o uso da tecnologia computador exige do professor. A reflexão apóia-se na análise de resultados recente de investigação2 realizada junto 32 professores da rede pública
de ensino (municipal e estadual) em Fortaleza, Ceará.

PALAVRAS-CHAVE: inovação – tecnologia – mudança na educação.


1. TECNOLOGIA NA ESCOLA: A INOVAÇÃO E AS POSSIBILIDADES DE MUDANÇA

Polissêmicos, plurais e complexos são os termos inovação e mudança. Tal situação remete a algumas indagações: estas noções
referem-se ao mesmo processo? Quando se pode falar em mudança? Mudança implica melhoria? Pode haver mudança sem
inovação ou inovação sem mudança? Asrespostas a essas interrogações não se encontram de imediato, pois inovação e
mudança são temas que se aproximam e, ao mesmo tempo, se distanciam, formando uma rede de significados.
A maioria dos estudos sobre inovação sublinha a idéia de ‘novo’, reconhecendo-a omo um aspecto referenciador de sua
definição (Navarro, 2000; Fullan, 1991; Havelock e Huberman, 1980). Todavia, este entendimento não parte da premissa de que
uma inovação implica, necessariamente, algo original, de ‘primeira mão’, numa invenção.


Muitas vezes o ‘novo’ pode estar na introdução de algo que já tem uso corrente noutro lugar. As inovações são novas ou
originais no lugar em que elas são incorporadas. Esta é a condição básica para se produzir uma inovação: incorporar algo
que até então não fazia parte da unidade de referência, alterando-a.
A expectativa de modificação, de mudança, põe em relevo um traço fundamental em uma inovação educacional: a intencionalidade. A decisão de adotar uma inovação não ocorre despretensiosamente, sem um interesse, seja ele explícito ou não. Uma ação inovadora responde a determinadas intenções e se faz guiada por fins específicos. Toda inovação
tem a pretensão de suscitar mudanças, esse é seu fim último.

A inovação educacional é intencionalmente deliberada e conduzida com a finalidade de incorporar algo novo que resulte em melhoria no âmbito da instituição escolar, em suas estruturas e processos, visando ao êxito de sua função social. Esta racterística possibilita sinalizar em favor de uma concepçãomultidimensional da inovação educativa, cuja concepção pressupõe que “o que constitui uma inovação não pode ser considerado de um único ponto de vista ou focalizado em um só aspecto”. É
necessário articular processo e intenção (Hernández, 1998:28).

Esta concepção, ao mesmo tempo que reconhece os vínculos ideológicos e políticos de uma iniciativa, também destaca
suas implicações no âmbito da prática. Ela parte do pressuposto de que é preciso considerar que um sistema, uma instituição,
é constituído por pessoas, por sujeitos individuais e coletivos, com subjetividade própria e que atuam em contextos
normatizados. Esses atores, a partir da mobilização de capacidades cognitivas e afetivas diversas, se relacionam com as
inovações e constroem respostas para enfrentar as demandas emergentes, as quais têm um significado, imprimindo ‘um’
sentido à mudança projetada.
É esta resposta de natureza criativa e cognitiva, produzida mediante a interação dos atores com a inovação, que dá sentido
à mudança, seja numa perspectiva de melhora, seja numa perspectiva de piora. Toda inovação, independentemente de sua
fonte e natureza, é motivada por valores, sejam daqueles que a promovem, sejam daqueles que a vivenciam em seu cotidiano.


Isto explica por que uma inovação, recorrendo às palavras de Hernández (1998), não tem o mesmo significado para
quem a promove, para quem a coordena, para quem a põe em prática ou para quem recebe seus efeitos.
A mudança, por sua vez, faz parte da relação do homem com o mundo embora muitas pessoas se escusem de vivenciá-la
pois ela implica riscos, tem um custo. Desde que o homem nasce, ele convive com a necessidade e a possibilidade da mudança
que é, ao mesmo tempo, um convite e uma exigência de sua condição histórica e social enquanto ser da práxis (Vázquez, 1990). Amudança é engendrada lentamente. Trata-se de um processo e não de um fato (Fullan, 1991), processo lento e gradual nas
mais das vezes. Toda mudança é fonte de sentimentos ambivalentes ao situar o indivíduo diante do dilema de manter o
status quo ou mudar. Mudar o quê? Mudar a visão que orienta o modo de agir, de pensar e de interagir com as coisas ao seu
redor e com os outros.

Tal compreensão da mudança implica percebê-la como um processo que vai além das condutas mecânicas nas situações
de interação social; além da simples alteração da rotina, da introdução de um novo artefato tecnológico (computador,
fac-símile etc.), ou mesmo da reorganização das relações hierárquicas num dado contexto institucional. A mudança não se restringe a critérios administrativos sobre a forma como as coisas devem funcionar e o que pode ser feito para que elas funcionem melhor. Este enfoque técnico da mudança, claramente reducionista, apóia-se na crença de que a
finalidade das relações sociais é algo externo ao sujeito, carecendo apenas de maior eficiência. Priorizam-se variáveis individuais ou próprias das organizações, questionando como podem elas se tornar mais eficientes para atingir os objetivos ou
as finalidades.

Este modo de compreender a mudança subtrai o “conhecimento” das “considerações situacionais de tempo e
espaço que são uma parte das condições sociais” mediante uma “abordagem positivista que focaliza o específico e o
individual e, como resultado, perde de vista os fatores sociais e históricos do presente” (Popkewitz, 1997:26).
Esta perspectiva de mudança entende ser possível definir modelos universais como estratégias distintas e específicas para
regular a aquisição do conhecimento e a atividade humana. Em educação, esta visão implica na formulação de modelos
pedagógicos padronizados com mecanismos que permitam controlar a “aquisição do conhecimento e a prática
escolar”. Isto significa que a simples aplicação de modelos prévios às situações de ensino e a sua utilização pelo professor expressa um sinal de mudança, uma evidência da melhoria da qualidade (ibidem, p.25).

A mudança é aqui percebida como uma organização, historicamente neutra, do pensamento e do comportamento dos professores no contexto da instituição. Trata-se, neste caso, de mudanças epidérmicas, superficiais, que ndicam sintomas de modernização mas não de mudança. “Muda-se o formato e nada mais” (Sebarroja, 2002:16). A mudança vai além de uma dimensão técnica do processo. Reclama, também e principalmente, uma dimensão humana, política e ética por parte dos sujeitos nela envolvidos. Ela pressupõe uma ruptura por dentro, libertando-se das amarras com o estabelecido e redefinindo o modo
de pensar e de agir.
A mudança como ressignificação da prática é um processo demorado, delicado e sensível, quecompreende as interações consensuais e conflituosas que perpassam as relações internas e externas da organização. Isto porque pressupõe que as justificativas que levam o sujeito à ação sejam alteradas, implicando mudanças alicerçadas em razões intrínsecas, em novos valores e crenças.

O inventário feito até aqui permite perceber alguns matizes da interface entre mudança e inovação. Como realça Rosa (1998:19), “mudar é muito mais do queinovar”. Muitas inovações se operam sem que se altere o essencial. Inovação e mudança não dizem respeito a um mesmo processo, embora estejam, de algum modo, imbricados. A idéia de mudança não tem sentido único. Noutras palavras, significa dizer que nem sempre uma udança é para melhor (Glatter, 1995; Sebarroja, 2002; Fullan, 1991; Navarro, 2000). A mudança como ressignificação da prática implica alterações progressivas no âmbito das práticas e dos referenciais que a orientam. Todavia, é possível realizar alterações epidérmicas, superficiais, que não modificam o conteúdo das práticas.
Não é raro ouvir depoimentos de profissionais que afirmam haver ocorrido mudanças em seu ambiente de trabalho (mais equipamentos, funcionários com qualificação, nova diretoria etc.) sem que isso tenha se traduzido em melhorias efetivas nas relações de trabalho (processo decisório centralizado, clima institucional de competição, fragmentação das ações...).
Isto significa que a mudança pode ou não significar progresso, pode significar piora em vez de melhora.
Assim, se é possível mudar sem melhorar, o inverso não parece tão verdadeiro. Melhoria apresenta-se, pois, como um termo carregado de conotações valorativas, sinalizando “a passagem de um estado anterior, considerado menos desejável, para um posterior considerado mais atraente em função de fins especificados” (Ferretti, 1980:56-57).

A idéia de melhoria vincula-se ao sistema de valores dos atores envolvidos no processo, ou seja, está referenciada “ou aos fins que o objetivo se propõe ou aos fins que o grupo social mais inclusivo propõe para o mesmo”. São estes fins, conforme esclarece Ferretti, que servem de parâmetro para “aquilatar da significância da mudança que venha a se operar num determinado objeto” (ibidem). Assim, no campo da inovação, a mudança como práxis é apenas uma intenção, uma possibilidade, uma oportunidade. Trata-se, portanto, de uma ação intransferível, pois somente os sujeitos implicados e interessados podem
efetivamente concretizar a mudança em sua prática. Isto porque o sentido da mudança é tributário de uma lógica que articula tanto a cultura dos atores sociais quanto as relações sociais em que estão envolvidos, ambas mediatizadas pelas interações cognitivas e afetivas que as tornam coerentes e significativas. Como diz Fullan (1991), “a mudança em educação depende do que os professores fazem e pensam”, isto é, está fortemente vinculada as crenças, valores e sentido prático já interiorizados e
constituintes de sua cultura profissional.

As considerações feitas sinalizam que não é suficiente introduzir inovações na escola, a exemplo de artefatos tecnológicos
como o computador e o acesso on line via internet. Para que estes recursos possam servir de instrumento propulsor de
melhoria da prática pedagógica escolar é fundamental que os professores o conheçam, saibam utilizá-lo, compreendam
suas potencialidades e limitações no processo ensino-aprendizagem.



2. O QUE SABEM OS PROFESSORES PESQUISADOS SOBRE COMPUTADORES

As marcas de cada lugar são construções feitas por pessoas, pois a escola não é algo inerte. O que dá vida e voz aos
espaços sociais são as pessoas e suas interações, o modo como se relacionam, os pensamentos, as normas, as práticas
vividas que, pouco a pouco, quase que imperceptivelmente, vão compondo as cenas do seu cotidiano. Enfim, os
acontecimentos que configuram a vida escolar, e por conseguinte, desenham sua cara, são produzidos a partir de múltiplos
fatores intervenientes nesse contexto.

É o que lembra Hargreaves (2002), quando realça que os professores também são criações de seu local de trabalho, isto é,
produto das condições, relações e normas que tecem, constrangem e impulsionam sua atividade. É preciso considerar esse
aspecto quando se olha para o professor, pois ele não sai ileso dessa interação. Os docentes, como quaisquer outras
pessoas, têm uma história própria, sonhos, raízes, encantos e desencantos, pois vivem o seu tempo, atuam em lugares
determinados e em condições concretas.É na ciranda da vida cotidiana – pessoal e profissional – que eles se produzem e
reproduzem, organizando o mundo à sua volta. Por isso, importa perguntar: quem são os professores investigados? O que
sabem sobre o computador? Que tipo de acesso tem a essa tecnologia? Um grupo feminino, este é um perfil que se confirma entre os 32 docentes envolvidos na pesquisa, a exemplo de outros levantamentos sobre o tema (Brasil/MEC/Inep, 1999; Codo, 1999).

Por outro lado, é possível constatar que a presença masculina, concentrada na etapa final do ensino fundamental, emerge anunciando uma tendência que se projeta para os próximos anos. Vale dizer que, em estudo recente sobre os professores da educação básica no Estado, Vieira (2002:07) também sinaliza nesta direção ao realçar que “quanto mais distante do início da pirâmide da seriação escolar (...) mais forte a tendência de haver hibridismo no gênero”.
Ao falarem de sua vida cultural, boa parte dos professores destaca o uso de revistas como uma das fontes de acesso à
informação. O cinema também foi mencionado com uma freqüência significativa. Vários professores disseram já terem ido ao teatro: “eu já fui ao teatro, a última vez foi em 1996 (...) é caro mas eu gosto de teatro” (P-T5); “eu fui quando eu era mais nova, mais agora as condições não permitem. (P-M2); “Adoro teatro. Estou louca pra ir a apresentação do Juca de Oliveira no Teatro José de Alencar, mas o problema são as finanças (...)” (P-G2). Ao revelarem que ‘já foram’ ao teatro, estes professores apontam como maior dificuldade sua condição econômica.

Por outro lado, os docentes também falam de uma certa acomodação, desinteresse e até mesmo apatia em relação a este tipo de expressão artístico-cultural. Tal situação indica a necessidade de incentivos e de valorização dessa e de outras manifestações culturais, considerando que estes professores residem em um pólo cultural rico e diversificado.
Quanto ao acesso dos professores ao computador, 17 docentes disseram não ter acesso ao computador, caracterizando este
contato como algo pouco expressivo. Eles sabem que o computador existe, o veêm na escola mas não dispõem de acesso,
quer pela localização e quantidade dos mesmos (via de regra apenas um e situado na secretaria ou sala da direção) quer por
não saberem utilizá-lo. Apenas cinco declararam que têm curiosidade e estão aprendendo, decisão custeada com
recursos próprios. Os demais não demonstraram preocupação com o fato de não deterem conhecimento sobre tal
artefato tecnológico, embora reconheçam que ele faz, cada vez mais, parte dos instrumentos presentes nos diversos
contextos de trabalho.

Reconhecem sua importância no contexto social e econômico atual mas não sinalizaram que estão dispostos a investir por conta própria nessa dimensão de sua formação. Dos 15 docentes que afirmaram dispor desta máquina em casa, apenas
dez disseram saber utilizá-la. A aquisição desse saber foi motivada tanto por oportunidades institucionais (como cursos
que realizaram através da escola) quanto por cursos de curta e média duração efetuados por empresas especializadas na
área de informática. Aqueles que não sabem utilizar registram: “mas eu sinto necessidade disso”, “eu sei que é preciso”,
“eu sou muito acomodada”. Importa registrar que as razões que levaram tais docentes a adquirirem um computador são
de cunho pessoal, uma demanda colocada pelos filhos. Nesse sentido, também é oportuno dizer que a maior parte da prole
dos professores pesquisados, conforme informações dadas pelos mesmos, sabe usar o computador. Há uma preocupação
em assegurar aos filhos um saber que consideram imprescindível para sua inserção social na contemporaneidade.

Considerando os relatos dos professores, é possível dizer que a aproximação do professor com a tecnologia da informação, em especial com o computador, tem sido motivada principalmente por um interesse pessoal e pelo reconhecimento de sua importância no cenário contemporâneo. As condições presentes nas quatro escolas pesquisadas e o investimento individual que vem sendo feito, revelam um esforço de boa parte dos professores no sentido de incorporarem conhecimentos relacionados à tecnologia da informação ao seu repertório de saber. Esta busca recebe pouco apoio institucional, do que se
ressentem os docentes investigados.

Cabe chamar atenção, ainda, para um fato: os professores pesquisados vivem na capital do Estado do Ceará, pólo cultural
de grande diversidade. Entretanto, seu acesso às oportunidades culturais, de entretenimento de conhecimento e as novas
tecnologias ainda é bastante restrito. Artefatos como computadores, internet, softwares, assim como expressões do tipo
tempo virtual, espaço on line e navegar, não parecem constituir o cotidiano desses sujeitos, embora eles não o desconheçam.
Em um contexto social movido pelo conhecimento e no qual a produção cultural e tecnológica é cada vez mais progressiva e diversificada, este é um aspecto que merece cuidado, porquanto o professor é um profissional que lida diretamente com a formação dos saberes. As transformações emergentes têm trazido alterações profundas nos modos de produção, nas formas de experiência e nos padrões de identidade. Jovens, adultos e crianças se deparam cada vez mais com um mundo virtual, dominado pela imagem, onde o consumismo compulsivo e o apego à vivência da cotidianidade ensejam novos padrões de comportamento e valores, formando novas identidades.

Assim, com o desenvolvimento e disponibilidade de fontes de informação opcionais à escola, não é mais possível ser professor como há trinta ou vinte anos: única fonte de informação, de conhecimento, de saber (Esteves, 1991). Os alunos hoje convivem com outras fontes de informação – televisão, computador, internet, o que exige do professor outra postura diante dessas fontes, dos alunos e do conhecimento. As reflexões feitas até aqui remetem a uma outra indagação: como o
computador vem sendo utilizado pelos professores na escola? Qual a repercussão desse uso em sua prática profissional?

3. O USO DOS COMPUTADORES: MANIFESTAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Ao olhar para a prática pedagógica dos professores pesquisados foram identificados movimentos distintos de mudança e conservação na cultura docente em relação ao uso de tecnologias como o computador. Tal movimento emerge nas falas dos entrevistados ao falarem sobre a utilização de recursos didáticos em sala de aula. Dos quatro contextos investigados – aqui identificados como Escola Trevo, Mandacaru, Girassol e Coqueiro – apenas em um foi observado um certo cuidado com o emprego de materiais diversos como estratégia de motivar e facilitar a aprendizagem discente. Os relatos dos docentes da Escola Trevo (rede estadual) revelam que a preocupação com a utilização de recursos didáticos em sala de aula é fruto das capacitações realizadas a partir da introdução dos ciclos neste estabelecimento de ensino.

Destacam sua contribuição na compreensão dos conteúdos, principalmente na área de matemática. Boa parte dos professores disse saber usar os materiais disponíveis na escola, entre eles o computador, aprendizado identificado como um ganho tanto para a instituição quanto para eles.

A utilização do computador na gestão das atividades curriculares permite perceber o esforço intelectual e emocional que vem
sendo feito pelos professores no sentido de utilizar esta tecnologia como uma ferramenta pedagógica. Esta prática,
embora tímida, se sobressai considerando sua completa ausência nas escolas municipais pesquisadas (Coqueiro e Girassol),
parecendo algo visionário, utópico, mesmo nas unidades onde começam a ser instaladas várias máquinas, como é o caso da Escola Mandacaru (rede estadual). Cabe registrar que a Escola Trevo possui uma sala climatizada com várias máquinas
e dispõe de alguns softwares sobre temas diversos do currículo. Os docentes desta escola percebem a introdução do
computador como positiva diante do reconhecimento de que a escola é, para a maioria dos educandos, provavelmente o
único espaço cultural em que este contato é possível. Nas ocasiões em que visitei a escola, acompanhei sua utilização por alunos e professores algumas vezes.

Ao relatarem suas experiências com o uso da sala de informática da escola, as professoras explicitam as razões que as
levaram a utilizá-la. Apresento a seguir alguns fragmentos que, embora longos, merecem ser conferidos:
“Na primeira vez que eu levei foi pra mostrar... porque a gente precisa mostrar, não que sabe tudo mas que já
sabe. Eles (os alunos) cobram. Levei. Sabiam até mais do que eu (...) Uma professora de português me deu um
CD pra trabalhar com os alunos, como só tem um computador com CD, pois não é implantado em todos, a gente
tem que levar poucos alunos. A gente fez uma roda, fez algumas atividades sobre dígrafos, separação de sílabas. A
gente viu isso, foi interessante” (P-T2).
“Já, levei porque eles são loucos para irem (...) Eu nem sabia mexer na impressora
ainda (...) Acho importante levar ao menos para eles verem o computador, para ligar, desligar, onde são as teclas, conhecer como entrar num programa.

Eles não têm outra oportunidade, é só essa da escola” (P-T7). “Eu já levei. Eu até nem sabia mas pedi para uma colega me ensinar como utilizar um software que tem aqui na área de geografia pra eu poder levar eles. Eu fiquei assim, sem saber: eu
levo? Será que eu aprendo? Eu levei porque eles estavam loucos para ir para os computadores. Fui com medo mas fui. Achei uma experiência ótima, muito bom (...) Na semana santa já foi para os pequenos. Eles amaram. Precisa ver: eles não têm medo do
computador” (P-T5). “Já levei, eles pedem muito. Por exemplo, na 7ª série eu estou dando sistema respiratório (...) As vezes eu levo para eles digitarem trabalhos. Nunca usei com eles foi a Internet porque eu esqueço de perguntar a senha à pessoa da secretaria que sabe. E também não é fácil” (P-T8). Os depoimentos mostram o esforço intelectual e emocional que vem sendo feito pelos professores frente ao desafio colocado pela prática profissional em relação ao uso do computador no processo ensino-aprendizagem. Inovações pedagógicas que afetam diretamente o trabalho docente em sala de aula reclamam
atividades complexas e não lineares.

Diante do desconhecido, de situações de ensino diferentes daquelas até então experimentadas, os professores sentem
necessidade de se inteirar acerca delas. Nesse sentido, pode-se dizer que o trabalho intelectual dos professores em relação à
mudança se manifesta nas decisões que eles precisam tomar para definir suas posições, bem como nos empreendimentos a serem realizados para operacionalizá-la; envolve a aquisição de conhecimento e capacidade de análise crítica e decodificação da política em termos práticos para a sala de aula. É o aprendizado resultante desse trabalho intelectual que lhe permitirá assumir uma atitude emancipatória mas não demissionário em relação à mudança nas práticas pedagógicas.
O caráter emocional do trabalho da mudança faz referência ao movimento psicológico – de conotação agradável ou
penosa – que acompanha as múltiplas relações do professor no âmbito da escola: quando julga o comportamento de um
aluno ou infere sobre seu envolvimento ou não nas atividades curriculares; quando motiva ou desestimula o engajamento dos
colegas; quando valoriza ou não possibilidades novas de trabalho; quando assume riscos frente a desafios, a exemplo
do uso do computador.

Compreende, portanto, as diferentes maneiras como o professor mobiliza suas energias emocionais, seus sentimentos e seu esforço psicológico para relacionar-se com os alunos, com os colegas, com os pais e demais componentes da escola tendo em
vista promover a ação educativa em que se encontra empenhado. O trabalho emocional realizado pelo professor é tributário de sua condição de mediador do desenvolvimento social, cultural e emocional do aluno no âmbito escolar.
É bem verdade que a utilização do computador como ferramenta pedagógica pelos professores da Escola Trevo ainda
acontece de modo eventual, faltando uma articulação maior com as atividades curriculares. Todavia, estes docentes
consideram importante que os alunos usem, de alguma forma, o computador. A cobrança destes em relação ao uso desta
ferramenta os tem motivado a aprender a utilizá-la e a usar o ambiente da sala de informática. Eles vêm descobrindo, de
modo lento e precário que esta pode ser uma estratégia interessante para fomentar e despertar o interesse pelo estudo.
Eles sentem a necessidade de dominar o computador e de o empregar como uma ferramenta no desenvolvimento dos alunos.
Sentem dificuldades, têm pouco apoio institucional que promova situações de capacitação e orientação, visando à realização
de atividades que articulem esta ferramenta com os saberes curriculares que trabalham em sala de aula. Mas eles, em sua maioria, estão dispostos a encarar o desafio de aprender, passo fundamental para que a tecnologia da informação possa, de fato, compor o cenário pedagógico escolar e chegar até o aluno de forma adequada.

Como é possível perceber, mudanças no âmbito pedagógico do processo educativo escolar solicitam um trabalho
árduo dos professores, o qual se situa para além das alterações didático-metodológicas de natureza meramente técnica. Isto significa que mudar requer aprendizagem e é intelectual e emocionalmente exigente (Hargreaves, 2002). Contudo, não se
aprende por osmose ou por decreto. Também não se pode atribuir única e exclusivamente ao professor a
responsabilidade de construir este aprendizado. Trata-se de um aprendizado exigente individual e coletivamente, que
reclama tempo, esforço concentrado, dedicação e apoio institucional; aprendizado que mobiliza também um investimento
considerável de energia emocional.

Nesse sentido, repensar políticas educacionais que têm priorizado fluxos constantes de inovações externamente
induzidas, torna-se um imperativo. Não é suficiente equipar materialmente as escolas. É preciso cuidar do material humano, de
sua formação continuada como estratégia de política prioritária para que a incorporação de tecnologias como o computador possa, de fato, ser um contributo a educação. Do contrário, a mudança na prática escolar na perspectiva de melhora tende a constituir-se numa retórica do discurso político sedutor.


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Extraido completamente do site da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional.

http://www.abt-br.org.br/index.php?option=com_remository&Itemid=30 Extraido em 3 junho de 2006